quarta-feira, 4 de novembro de 2009

“Vitrines Itinerantes” comemora a Primavera de Museus 2009 em Sete Lagoas

Centro Cultural Nhô Quim Drumond

Inserida entre as ações realizadas pela SUM – Museu Mineiro para atender à programação da “Primavera de Museus”, proposição do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) para os Museus do Brasil, a mostra do Projeto das Vitrines Itinerantes apresentou-se do dia 25 ao 28 de outubro de 2009 no Centro Cultural Nhô Quim Drumond, na cidade de Sete Lagoas. A imagem barroca de Nossa Senhora do Rosário, datada do século XVIII, acompanhada de cerca de 40 fotografias que retratam parte do acervo e de algumas outras ações e atividades do Museu Mineiro, foram expostas e recebidas pela Guarda do Casarão, autoridades locais e público em geral, num grande café de confraternização.



“Museus e Direitos Humanos” foi o tema da Primavera de Museus neste ano e através desta programação buscamos refletir o papel do Museu como espaço de valorização da diversidade cultural e do direito à memória, reconhecendo a cultura como um direito humano, expresso nos modos de vida, motivações, crenças religiosas, valores, práticas, rituais e identidades.



Rachel Teixeira, restauradora e conservadora da SUM, responsável pelo acompanhamento e manipulação técnica da imagem Nossa Senhora do Rosário do séc XVIII apresentou uma palestra a quarenta visitantes sobre a iconografia desta imagem, sua construção, técnicas de entale policromia e douramento além das técnicas de conservação, manipulação e restauro de acervos.


Marconi Marques foi o artista plástico convidado a participar da vigésima quarta edição do “Desenho Museografado: s/ Mesa de Queijos”, que também aconteceu durante a abertura da mostra e que faz parte dos projetos do Museu Mineiro que visam valorizar os nossos patrimônios imateriais.



A presença da mostra, na cidade de Sete Lagoas, reforçou a aproximação do Museu Mineiro e o importante o acervo imaterial existente nessa comunidade: as Guardas de Congadeiros, manifestação cultural da população na qual a religiosidade dos indivíduos envolvidos se manifestam por meio da dança do canto, práticas moldadas pela mestiçagem, característica intrínseca do nosso povo. Estas manifestações culturais são parte de nosso acervo operacional já que as práticas das Comunidades de congadeiros preservam os aspectos imateriais que se ligam aos objetos do nosso acervo de Arte Sacra.




"...os Santos resantificam-se quando separados da coleção são honrados pelas guardas..."
Maria Angélica Melendi - "Evaporação os sentidos: o museu e a comunidade"











"...é presciso hoje, mais que nunca, preservar as memórias das comunidades, restaurar os sentidos esfacelados e gerar novos sentidos através da reatualização dos objetos museificados, das narrativas que eles abrigam e da sua possível integração nos rituais do sagrado e do cotidiano".
Maria Angélica Melendi - "Evaporação dos sentidos: o museu e a comunidade"

















Conheça o mito de Nossa Srª do Rosário: http://www.guardastextos.blogspot.com/


homenagem a
Cecília preta
“Evú viemos de terra ou viemos de mar, viemos aqui para festejar...”
Frente ao estandarte segurado pelo alferes, a rainha pedia licença ao capitão e entrava no comando da guarda.


imagens do Memorial Cecília Preta / Casarão - Sete Lagoas

Natural de Sete Lagoas, Cecília Alves Gomes é referência para o congado na região. Em 1985, Cecília Preta foi coroada rainha conga do estado maior de Minas Gerais, um dos postos mais altos da tradição. Morta em 1999, ela se tornou símbolo da cultura afro-mineira e hoje dá nome ao Ponto de Cultura da cidade de Sete Lagoas. Referência para a cultura afro-brasileira, o Ponto de Cultura trata de preservar o Congado, uma das mais expressivas tradições da matriz africana documentada no país. Também conhecido como Reinado, Congada ou Irmandade, é exemplo ímpar da riqueza cultural brasileira, possibilitada pela convivência em um mesmo contexto de diversas tradições culturais, como as fábulas e mitos da visão de mundo africana misturados aos elementos da religiosidade do catolicismo popular brasileiro. A idéia do Ponto de Cultura surgiu para valorizar a tradição e fortalecer a economia da cultura das Irmandades do Rosário dos Negros, em Sete Lagoas, um dos patrimônios mais valiosos do Estado de Minas Gerais e de todo o Brasil. As guardas de Congo e Moçambique, as Pastorinhas e as Folias da região formam mais de 50 grupos, organizados em duas associações irmãs: a Associação Regional dos Congadeiros de Sete Lagoas e a Associação de Amparo às Caravanas de Reis e Pastorinhas - idealizadoras do projeto a tornar -se uma referência nacional, mantendo viva esta tradição que, aos poucos, vem perdendo espaço nas grandes cidades.

Mais sobre congadas acesse ao blog http://www.museuguardas.blogspot.com/

fotos Roberto de Paula Jr.

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